
Não foi em cima da sutileza que a mineira Ana Carolina construiu sua trajetória de já 14 anos na indústria fonográfica – nem como compositora, nem como intérprete, nem como animal de palco. Ela pertence àquela estirpe de mulheres como são também as baianas Daniela Mercury e Ivete Sangalo, que se impõem no gogó, na voz e no queixo altos diante de um mundo ferozmente masculino.
Seu novo álbum, #AC (Sony), encontra uma artista que procura, cada vez mais, equalizar dureza e leveza, doçura e amargura, docilidade e aspereza. Composta com o parceiro Edu Krieger (filho do maestro Edino Krieger), a faixa de entrada, “Pole Dance”, pende para o divertido, para a sátira mais para inteligente que para rancorosa: “Ela rebola, rebola, rebola/ ela quer dólar, quer dólar, quer dólar/ moça do bem, cria seus filhos com atenção/ não zoa com ninguem, só quer ganhar o pão”. Se a sonoridade lembra alguma coisa do disco Hard Candy (2008), de Madonna, conceitualmente está mais para uma promissora Ana feminista, tipo marcha das vadias em meio a um vendaval de catolicismo.
O disco desliza por temas pop-românticos-radiofônicos (“Combustível”, que está na trilha de alguma novela em cartaz), libelos pró-liberdade sexual (“Libido”), confluência latina (“Un Sueño Bajo el Agua”, em parceria com a italiana Chiara Civello). As referências passeiam da aurora do samba (“Pelo iPhone”, bisneta de “Pelo Telefone”) à aurora da MPB universitária (“Resposta da Rita”, em resposta à “A Rita” de 1966 de Chico Buarque, com participação do próprio), passando pela country music norte-americana de Sonny & Cher (“Bang Bang 2″). #AC termina menos moderno que clássico, mais tenso que pesado, com “Leveza de Valsa”, estreia de parceria de Ana com um seu ídolo, o intrincado Guinga.
Por: Pedro Alexandre Sanches
Fonte: Farofafá
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